Hoje ninguém te falou.
E tu, falaste com alguém?
domingo, setembro 04, 2016
domingo, maio 31, 2009
Canção - Projecto escolar
Onde estão
As notas soltas arrastadas pelo temporal? -
Memórias breves em suspenso no amanhecêr -
Tocar o vento com os dedos e rodopiar,
Sonhar contigo de olhos abertos.
Silêncios por escutar
Separam sons que hão-de vir
Ofuscar ilusões,
Sombras ocultas no vazio.
As notas soltas arrastadas pelo temporal? -
Memórias breves em suspenso no amanhecêr -
Tocar o vento com os dedos e rodopiar,
Sonhar contigo de olhos abertos.
Silêncios por escutar
Separam sons que hão-de vir
Ofuscar ilusões,
Sombras ocultas no vazio.
terça-feira, maio 20, 2008
Indecisão - A Metamorfose - parte I
Procuro abrigo na solidão e acabo no fundo de um poço que me devolve em eco os pensamentos. Eu no fundo do poço e no fundo de mim a vontade de sair.
Lá fora, a vida que não espera, roleta de oportunidades perdidas ou por perder.
Faço rolar entre os dedos pedras de som e de silêncio.
Sigo indiferente o cambalear embriagado das palavras que me escapam por entre os lábios, vazias, silenciosas de mim.
Lá fora, a vida que não espera, roleta de oportunidades perdidas ou por perder.
Faço rolar entre os dedos pedras de som e de silêncio.
Sigo indiferente o cambalear embriagado das palavras que me escapam por entre os lábios, vazias, silenciosas de mim.
segunda-feira, maio 12, 2008
Indecisão - Dedução I
É quando estamos mal que mais precisamos dos nossos amigos. Todos podemos passar por isso e não faz sentido procurar abrigo na solidão. Arriscamo-nos a cair nas armadilhas da nossa mente ou nos vícios da nossa sensibilidade; a cair lentamente num poço fundo e demorar anos a sair dele.
Nós no fundo do poço, e no fundo de nós a nossa vontade.
Quando isso tragicamente acontece precisamos mais do que nunca de um amigo - que nos inspire, nos espicasse, nos apoie; que nos abrace e ajude a suportar a dor de voltar á vida, e a dor do que perdemos definitivamente. Porque a vida não espera por nós, mas tem uma mão cheia de oportunidades, e se (re)aprendermos a confiar uma nova fresta na janela da felicidade se vai abrindo. A aprendizagem e a interiorização de valores e o investimento paciente e deligente na nossa confiança são a combinação que abre o cofre da realização. Indecisão. Entre falar e calar. Entre o som e o silêncio. Entre um sorriso cheio de esperança e confiança, uma lágrima que nos lava a Alma, as palavras que nos escapam vazias por entre os lábios silenciosas de nós, porque de nós não levam nada.
Claro que preciso de um amigo, que me arraste para a rua para que sinta o vento gélido da madrugada soprando no meu rosto, e acorde, de forma mais ou menos abrupta, um tanto assustado. E finalmente chore perdido, descanse de não sentir, de falar com as pedras.
E nasce o sol - seca-me as lágrimas, aquece-me as mãos e o peito que o vento insufla de novo, e me faz levitar resgatado, vivo de novo, como da primeira vez.
E abraço o meu amigo.
Nós no fundo do poço, e no fundo de nós a nossa vontade.
Quando isso tragicamente acontece precisamos mais do que nunca de um amigo - que nos inspire, nos espicasse, nos apoie; que nos abrace e ajude a suportar a dor de voltar á vida, e a dor do que perdemos definitivamente. Porque a vida não espera por nós, mas tem uma mão cheia de oportunidades, e se (re)aprendermos a confiar uma nova fresta na janela da felicidade se vai abrindo. A aprendizagem e a interiorização de valores e o investimento paciente e deligente na nossa confiança são a combinação que abre o cofre da realização. Indecisão. Entre falar e calar. Entre o som e o silêncio. Entre um sorriso cheio de esperança e confiança, uma lágrima que nos lava a Alma, as palavras que nos escapam vazias por entre os lábios silenciosas de nós, porque de nós não levam nada.
Claro que preciso de um amigo, que me arraste para a rua para que sinta o vento gélido da madrugada soprando no meu rosto, e acorde, de forma mais ou menos abrupta, um tanto assustado. E finalmente chore perdido, descanse de não sentir, de falar com as pedras.
E nasce o sol - seca-me as lágrimas, aquece-me as mãos e o peito que o vento insufla de novo, e me faz levitar resgatado, vivo de novo, como da primeira vez.
E abraço o meu amigo.
Indecisão - texto de Mafalda Mendes - projecto escolar
Indecisão
Quando às vezes quero
E não consigo falar,
As palavras fogem
E eu fico a pensar.
Quando às vezes penso
No que o mundo se tornou,
Quero ser mais forte
E mostrar tudo o que sou.
Quando falo com as pedras
Sem conseguir descansar,
O vento vai voando,
E vem para me acordar.
E quando nem sequer
Chorar eu consigo,
É nessas alturas
Que preciso de um amigo.
Quando às vezes quero
E não consigo falar,
As palavras fogem
E eu fico a pensar.
Quando às vezes penso
No que o mundo se tornou,
Quero ser mais forte
E mostrar tudo o que sou.
Quando falo com as pedras
Sem conseguir descansar,
O vento vai voando,
E vem para me acordar.
E quando nem sequer
Chorar eu consigo,
É nessas alturas
Que preciso de um amigo.
domingo, abril 27, 2008
terça-feira, março 25, 2008
Eulália
Eram dez da noite e estava de novo sozinha em casa. Aos 83 anos de idade já não encontrava muitos dias como o de hoje: felizes. Nos últimos anos assistiu à partida dos amigos e familiares que lhe restavam. Mortes que a fizeram sofrer, que sentiu como sentiria a sua própria morte, mas acima de tudo que lhe lembravam a clausura que fora a sua vida conjugal por um lado, e a felicidade do seu trabalho como professora primária por outro. Trabalho a que uma reforma não ansiada a veio resgatar, havia já 18 anos (meu Deus, como o tempo passa!). Mas hoje foi um dia feliz, à parte estes laivos de nostalgia.
Ser velho é isto mesmo, já sabia há muito. Ser velho é ver morrer as outras crianças da nossa idade - levando consigo pedaços de um espelho partido - que somos nós (e a nossa memória) - que de tão fragmentado pelo tempo e pelas rugas, já não reflecte nada a não ser a poeira em que nos vamos tornando. Ser velho é ser feio outra vez. É depender da condescendência dos outros, ser menosprezado. Saber que o mundo ainda faz sentido mas que isso já pouco importa, que para os outros nos tornámos dementes. É cobrir a cabeça com o lençol e esquecer a vontade de chorar.
Ser velho é isto mesmo, já sabia há muito. Ser velho é ver morrer as outras crianças da nossa idade - levando consigo pedaços de um espelho partido - que somos nós (e a nossa memória) - que de tão fragmentado pelo tempo e pelas rugas, já não reflecte nada a não ser a poeira em que nos vamos tornando. Ser velho é ser feio outra vez. É depender da condescendência dos outros, ser menosprezado. Saber que o mundo ainda faz sentido mas que isso já pouco importa, que para os outros nos tornámos dementes. É cobrir a cabeça com o lençol e esquecer a vontade de chorar.
domingo, março 23, 2008
Largo da Memória
Explorando o Parque Florestal do Monsanto, vais tentando não te perder muito. O dia está absolutamente fantástico - dia 21 de Março, o dia que inaugura a Primavera. Procuras a tua refeição que demoras algum tempo a encontrar. E encontras felizmente, encontras a refeição perfeita para teu grande agrado. Mas o que há de relevante nisto? Que nos restaurantes onde paraste antes de encontrar o que te agradou, te sentiste deslocado. Te sentiste embaraçado perante a obcenidade de um preço que não queres pagar. Mas estás bem agora. Junto à Igreja da Memória onde estão os restos mortais de José Sebastião Carvalho de Melo.
Primavera
Tinhas planos para esta noite mas sairam-te furados. Ela desmarcou.
Já com o bichinho no corpo para sair, não podias ficar em casa que se te queimava o juízo. Compras uma espécie de jantar, e poisas numa das mesas da esplanada interior do forum. Ao teu lado, uma mesa com cinco meninas palrando alegremente como passarinhos na Primavera. Olhas para cima e sentes a leve vertigem de uma cúpula profunda, qual catedral gótica.
E pões-te a escrever. Escreves com a caneta mais leve que antes, com palavra e formulações mais próximas.
Já com o bichinho no corpo para sair, não podias ficar em casa que se te queimava o juízo. Compras uma espécie de jantar, e poisas numa das mesas da esplanada interior do forum. Ao teu lado, uma mesa com cinco meninas palrando alegremente como passarinhos na Primavera. Olhas para cima e sentes a leve vertigem de uma cúpula profunda, qual catedral gótica.
E pões-te a escrever. Escreves com a caneta mais leve que antes, com palavra e formulações mais próximas.
Lá fora
Escuto-te cedo hoje, criança feia
Que choras junto à janela.
Olhas a chuva lá fora
E ficas sentada,
Com os dedos no colo.
A janela são os teus olhos,
E chove lá fora.
Que choras junto à janela.
Olhas a chuva lá fora
E ficas sentada,
Com os dedos no colo.
A janela são os teus olhos,
E chove lá fora.
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