segunda-feira, maio 12, 2008

Indecisão - Dedução I

É quando estamos mal que mais precisamos dos nossos amigos. Todos podemos passar por isso e não faz sentido procurar abrigo na solidão. Arriscamo-nos a cair nas armadilhas da nossa mente ou nos vícios da nossa sensibilidade; a cair lentamente num poço fundo e demorar anos a sair dele.

Nós no fundo do poço, e no fundo de nós a nossa vontade.

Quando isso tragicamente acontece precisamos mais do que nunca de um amigo - que nos inspire, nos espicasse, nos apoie; que nos abrace e ajude a suportar a dor de voltar á vida, e a dor do que perdemos definitivamente. Porque a vida não espera por nós, mas tem uma mão cheia de oportunidades, e se (re)aprendermos a confiar uma nova fresta na janela da felicidade se vai abrindo. A aprendizagem e a interiorização de valores e o investimento paciente e deligente na nossa confiança são a combinação que abre o cofre da realização. Indecisão. Entre falar e calar. Entre o som e o silêncio. Entre um sorriso cheio de esperança e confiança, uma lágrima que nos lava a Alma, as palavras que nos escapam vazias por entre os lábios silenciosas de nós, porque de nós não levam nada.
Claro que preciso de um amigo, que me arraste para a rua para que sinta o vento gélido da madrugada soprando no meu rosto, e acorde, de forma mais ou menos abrupta, um tanto assustado. E finalmente chore perdido, descanse de não sentir, de falar com as pedras.

E nasce o sol - seca-me as lágrimas, aquece-me as mãos e o peito que o vento insufla de novo, e me faz levitar resgatado, vivo de novo, como da primeira vez.

E abraço o meu amigo.

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